OS 17 ANOS DE UMA UNIVERSIDADE QUE MERECE SER ELOGIADA... E TAMBÉM DEBATIDA!
Fábio Santa Cruz *
Hoje a UEG completa 17 anos. Estamos falando, sem dúvida alguma, de uma instituição que precisa ser valorizada por toda a sociedade goiana. Uma instituição que honra a ciência, irradia o saber e contribui significativamente para o desenvolvimento de nosso Estado. Sua existência merece ser celebrada e seu aniversário merece ser comemorado.
A oportunidade é boa também para pensar sobre os caminhos já seguidos por essa Universidade até hoje e sobre qual rumo ela pretende seguir nos próximos anos.
Em dezessete anos, a UEG deu importantes passos à frente. Mas também há sinais graves de estagnação. Grande parte de sua estrutura física, por exemplo, ainda é a mesma de 1999, o ano da fundação. E não é das melhores. Há a necessidade de construir ou reformar bibliotecas, laboratórios, auditórios, gabinetes para professores e outras instalações. Alguns câmpus ainda não têm sequer uma sede própria.
A Universidade chegou a mais de 130 cursos de graduação, mas sem o devido planejamento. Hoje, a UEG não sabe como fazer para que um número tão expressivo de cursos funcione com alta qualidade e nem como criar novos cursos sem comprometer o seu orçamento. A reestruturação da graduação chegou a ser debatida em 2011, mas não passou do debate e a situação permanece a mesma.
Os baixos salários e as condições de trabalho inadequadas comprometem a fixação de vários docentes e servidores técnico-administrativos na instituição. Assim que recebem uma proposta de emprego mais vantajosa ou são aprovados em algum concurso público, esses profissionais deixam a Universidade e precisam ser substituídos. As frequentes substituições, obviamente, prejudicam a oferta de bons serviços educacionais. Em Porangatu, por exemplo, alunos se manifestaram há alguns dias atrás contra a falta de professores. Chegaram até a interditar a entrada do campus em sinal de protesto.
A instituição da Lista Tríplice nas eleições acadêmicas foi um retrocesso para a UEG. A comunidade acadêmica, que perdeu o direito de definir nas urnas e sem interferências externas quem seriam seus gestores, sentiu-se desprestigiada e reclamou do novo método. Até hoje não se sabe porque esse direito, que existia desde 1999 e ainda não havia provocado qualquer problema interno, simplesmente foi suprimido assim, de repente (e sem que a Universidade tivesse feito qualquer debate sobre o assunto).
Sim, há problemas graves na UEG. Esses já citados e outros. Colocá-los em pauta é a primeira atitude a ser tomada por quem se interessa em buscar as possíveis soluções. Debater a si mesma é uma obrigação da Universidade.
Tudo o que se faz na Universidade é feito de forma crítica. Até comemorações. Portanto, a UEG tem que receber hoje muitos elogios e demonstrações de carinho (que são merecidas), mas também pode ganhar bons debates e boas análises, racionais e respeitosas, sobre seu passado, seu presente e seu futuro. A própria Universidade, tão receptiva aos debates, achará ótimo que se faça assim. É, certamente, um bom presente de aniversário para ela.
* Fábio Santa Cruz é professor da UEG desde 2004 e Diretor do Campus Formosa desde 2014.
Texto publicado no jornal O Popular de 18/04/2016 com alterações.
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